Situação Atual do Córrego do Pinto em Três Lagoas (MS): desafios ambientais e caminhos para a recuperação
- Mateus Luiz Leite Fleury dos Reis
- há 3 dias
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O Córrego do Pinto, localizado em Três Lagoas (MS), integra a Bacia Hidrográfica do Sucuriú, um importante afluente do Rio Paraná. O local foi objeto de observação em campo para avaliar as condições ambientais do córrego e de suas nascentes, divididas pela rodovia BR-158, com o objetivo de compreender o impacto da ocupação do solo e da ausência de vegetação nativa na qualidade da água.

Contexto ambiental da região
A Bacia Hidrográfica do Rio Paraná reúne 44 municípios, segundo o Monitoramento Ambiental dos Municípios do Rio Paraná (MARP). A qualidade ambiental dessas localidades influencia diretamente o abastecimento de água, a conservação da biodiversidade e a recarga dos aquíferos subterrâneos.
Em Três Lagoas, a água que abastece a população vem de poços artesianos e depende da recarga feita pelas chuvas que infiltram no solo. Essa dinâmica reforça a importância de manter os córregos e suas margens em boas condições ecológicas, já que o uso inadequado do solo pode comprometer todo o sistema hídrico.
Estudos apontam que a conservação e restauração ecológica das áreas naturais — incluindo o reflorestamento das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e das nascentes — são medidas fundamentais para a manutenção dos recursos hídricos e da biodiversidade regional.
A realidade do Córrego do Pinto
Durante a visita de campo, foram observadas áreas de pastagem avançando sobre as margens e nascentes sem cobertura vegetal, o que agrava a erosão e reduz a qualidade da água. Parte do leito do córrego foi transformada em açudes formados pelo barramento da rodovia BR-158, funcionando como pequenas represas que, com o tempo, estão perdendo capacidade de armazenamento devido à falta de vegetação.
De acordo com o MARP, Três Lagoas ocupa a 21ª posição no ranking ambiental dos municípios do Rio Paraná. O município apresenta bons índices de saneamento — 94,8% de tratamento de água, 91,2% de esgoto e 95,4% de coleta seletiva, além de possuir Plano de Saneamento Básico e 16,2% de áreas verdes. Ainda assim, os desafios permanecem.
As imagens e observações do estudo mostram que, apesar dos avanços urbanos, o meio rural enfrenta degradação significativa. O desmatamento das margens e o avanço das atividades agropecuárias comprometem a recarga dos aquíferos e colocam em risco as nascentes que alimentam o Rio Paraná.
Monocultivos e impacto ambiental
Outro fator de preocupação é o crescimento dos plantios de eucalipto na região. Pesquisas recentes indicam que esse tipo de monocultura pode afetar o funcionamento de ecossistemas aquáticos, reduzir a disponibilidade de água e expulsar pequenos produtores rurais.

Um levantamento realizado pelo Superintendente de Meio Ambiente e Turismo de Selvíria (MS), Valticinez Santiago, identificou cerca de 350 nascentes em situação crítica em diferentes municípios do Mato Grosso do Sul, agravadas pela expansão dos monocultivos de eucalipto.
Diante desse cenário, é essencial o fortalecimento de organizações da sociedade civil, projetos de reflorestamento e fóruns locais de debate ambiental — como o Fórum de Enfrentamento aos Impactos do Eucalipto, já existente em Três Lagoas. Essas iniciativas têm papel decisivo na defesa das águas e da biodiversidade do Cerrado.
O papel da juventude e da educação ambiental
O autor do estudo, Mateus Reis, participou do projeto Jovens Líderes do Rio Paraná, promovido pela ONG Rio Paraná, onde jovens de diversos municípios aprenderam sobre conservação, sustentabilidade e ativismo ambiental.
“Vivenciar de perto a realidade do Córrego do Pinto me fez entender a urgência de cuidarmos das nossas nascentes e matas ciliares. Elas são o coração do nosso rio”, afirma Mateus.
Conclusão
O caso do Córrego do Pinto representa um retrato local de um desafio global: equilibrar desenvolvimento econômico e conservação ambiental. A restauração ecológica, o reflorestamento e o manejo responsável do solo são caminhos possíveis para garantir que o Rio Paraná continue vivo, saudável e fonte de vida para as futuras gerações.
Fontes: MARP (Monitoramento Ambiental dos Municípios do Rio Paraná); Ferreira et al. (2019); Wiederhecker et al. (2022); De Oliveira et al. (2020); Campo Grande News (2025); Mongabay Brasil (2025).
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