Dos R$ 5.486.715,50 de patrocínios destinados pela empresa em 2023, pouco foi destinado a mitigar o impacto ambiental ainda causado pela usina.
A política brasileira de produção energética tem se mostrado, ao longo dos anos, inadequada e negligente, principalmente no que tange aos impactos ambientais causados pela exploração do Rio Paraná. A construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, celebrada como uma das maiores conquistas do setor elétrico brasileiro, também trouxe consigo uma série de consequências ambientais e sociais que ainda precisam ser abordadas com maior seriedade e transparência. Em um momento em que Itaipu celebra seus 50 anos, é crucial refletir sobre os danos causados e considerar as lições que podem ser aprendidas a partir das políticas ambientais em outras partes do mundo.

Brasil era para ter mais uma atração turística mundial. Sete Queda foi engolida pelo lago de Itaipu. Local funcionava como uma barreira natural de especies invasoras.
Impactos Ambientais no Rio Paraná
A exploração do Rio Paraná, que remonta a cinco séculos de história, foi intensificada com a construção da Itaipu Binacional na época da ditadura militar. A instalação da usina demandou a desapropriação de 42.444 pessoas, das quais 38.440 eram trabalhadores do campo. Essas desapropriações resultaram em problemas sociais significativos, incluindo o desalojamento de famílias que viviam às margens do rio.
Além dos impactos sociais, o meio ambiente sofreu danos irreparáveis. O Salto de Sete Quedas, que eram as maiores cachoeiras do mundo em volume de água, foram submersas para dar lugar à represa. Estas quedas d'água, além de sua beleza natural, eram um importante ponto turístico e cultural para a região.
Movimento Global de Derrubada de Barragens
Em contraste com a política brasileira, países da Europa e os Estados Unidos estão adotando uma abordagem totalmente oposta. O movimento de derrubada de barragens tem ganhado força, com inúmeras barragens sendo removidas para restaurar ecossistemas fluviais e revitalizar habitats naturais. Esse movimento reconhece os danos ambientais causados por barragens, como a interrupção de migrações de peixes, mudanças nos fluxos de sedimentos e a destruição de habitats naturais.
Necessidade de Aumentar a Clareza e Discussão de Impacto ambiental e social
A Itaipu Binacional precisa alinhar-se às recomendações da legislação brasileira, aumentando a transparência de suas informações financeiras e operacionais. A publicação de relatórios detalhados e acessíveis ao público é essencial para garantir que os recursos sejam aplicados de forma eficaz e responsável. A falta de transparência não apenas prejudica a confiança pública, mas também impede a avaliação crítica e a implementação de melhorias necessárias para mitigar os impactos ambientais. Em 2023 a empresa destinou R$ 5.486.715,50 em patrocínios e, apesar da prestação de contas no website, critérios e avaliação de impacto ambientais não são claros.
Recomendações
Publicação de Relatórios Detalhados: A Itaipu Binacional deve publicar relatórios anuais detalhados sobre a aplicação de recursos, especialmente aqueles destinados a iniciativas ambientais e sociais.
Avaliação de Impacto Ambiental: Realizar avaliações de impacto ambiental periódicas e independentes para monitorar os efeitos das operações da usina no Rio Paraná e nas comunidades locais.
Participação Comunitária: Incluir as comunidades afetadas no processo de tomada de decisão, garantindo que suas necessidades e preocupações sejam consideradas e abordadas.
Investimentos em Sustentabilidade: Redirecionar uma parte significativa dos recursos para projetos de sustentabilidade que visem a recuperação ambiental e o desenvolvimento econômico sustentável das regiões afetadas.
A celebração dos 50 anos da Itaipu Binacional não deve ser feita sem uma reflexão crítica sobre os impactos ambientais e sociais que a usina causou. A política brasileira de produção energética precisa ser revista com uma visão crítica e uma abordagem mais sustentável. A Itaipu Binacional, como uma das principais responsáveis pela geração de energia no país, deve assumir um papel de liderança na transparência e na mitigação dos impactos ambientais. Somente assim poderemos garantir um futuro onde o desenvolvimento econômico não venha à custa do meio ambiente e das comunidades locais.
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