Pesquisa indica que a diversidade de aves em Três Lagoas (MS) pode ser um pilar fundamental no caminho da preservação e até uma oportunidade de ecoturismo nacional e internacional.
O estudo identificou 419 espécies, incluindo 112 espécies de aves migratórias, e um total de 17 consideradas raras e ameaçadas
O município de Três Lagoas, que reflete sua geografia no nome, encontra-se numa zona de transição entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado. Além da beleza de seus rios e lagoas, a região abriga uma riqueza de biodiversidade única e privilegiada.
Além do crescimento econômico, Três Lagoas tem potencial para se tornar um pólo atrativo para a conservação e ecoturismo. Em um artigo recente publicado na Revista da Universidade de São Paulo, o professor do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Sérgio Posso, revelou em conversa com a ONG Rio Paraná que a pesquisa destaca a impressionante diversidade da avifauna na região e a importância de sua conservação.
Em um esforço conjunto de vários ornitólogos, centenas de aves foram categorizadas, mapeadas e geolocalizadas numa lista, que, resumidamente, identificou um total de 419 espécies, das quais 17 são consideradas raras e ameaçadas e inclui 112 espécies de aves migratórias. Alguns locais se destacam como pontos de atração para aves migratórias, principalmente na parte nordeste do município, nas proximidades dos rios Paraná e Sucuriú e zonas alagadas.
Entre as espécies raras ou ameaçadas de extinção destacadas no artigo e avistadas na região, encontra-se a águia-cinzenta (Urubitinga coronata). Essa majestosa ave, frequentemente confundida com a harpia, é surpreendentemente abundante na região de Três Lagoas, conforme afirma Posso. Sua presença enfatiza a importância da conservação dessas áreas, não apenas para as aves, mas para todo o ecossistema. Ainda se pode observar no município outras aves de interesse em conservação e observação de aves, como o mutum-de-penacho, o udú, a meia-lua-do-cerrado, o colhereiro, a águia-pescadora e 15 espécies de aves migratórias do Canadá e Estados Unidos, além das que migram do extremo sul da América do Sul e dos Andes.
Mutum-de-penacho, udú, meia-lua-do-cerrado, colhereiro, águia-pescadora, águia-cinzenta (Créditos das images nos links)
Além disso, as aves são importantes dispersoras de pólens (beija-flores) e sementes, o que as torna excelentes organismos para promover a restauração de ambientes degradados em virtude da má gestão do uso da terra. Nesse sentido, o professor, coordenador do estudo, aponta para um calendário de eventos no próximo ano que lança luz sobre suas descobertas. Esses eventos têm o propósito de destacar a necessidade de conservação, demarcação de áreas de preservação e, crucialmente, a conscientização da população. A diversidade de aves em Três Lagoas pode não apenas ser um tesouro natural a ser protegido, mas também uma oportunidade para o ecoturismo nacional e internacional, trazendo benefícios econômicos, em conservação ambiental e culturais para a região.
Em resumo, a avifauna de Três Lagoas oferece uma oportunidade única para a conservação, desde que medidas sejam tomadas para proteger seu habitat e conscientizar a comunidade sobre a importância de sua preservação. A riqueza de espécies encontradas na região pode não apenas contribuir para a biodiversidade global, mas também para o desenvolvimento sustentável e o turismo, transformando Três Lagoas em um destino internacional para amantes da natureza e observadores de aves.
Confira o artigo na íntegra em inglês.
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